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Era Fevereiro, verão.
O sol estava no seu ápice, o aroma das flores entravam pelo quarto de Júlia através da brisa.
Ela se levantou, tomou seu banho, e enquanto estava se arrumando para tomar café, seu celular toca.
Era uma sms: - "Bom Dia :)"
Ela leu, sorriu e desceu.
Era aniversário de Júlia, 23 anos.
Ela estava feliz, já que tudo estava indo bem.
Terminou seu café, voltou ao quarto para pegar sua bolsa, óculos e carteira.
Júlia ia arrumar o cabelo.
Enquanto isso suas amigas ligaram, e planejaram que iam se arrumar em sua casa.
Ela concordou, porque claro, não há nada melhor que se arrumar com as amigas.
Quando voltou para casa, pouco antes de entrar, suas amigas foram chegando, pouco a pouco.
Lá estavam: Flávia, Mariana, Carolina e Renata.
Elas trouxeram os presentes e fizeram questão que Júlia abrisse, um por um (...)
Flávia, sempre generosa, lhe deu uma bolsa azul turquesa com correntes douradas. Mariana, por outro lado, lhe deu brincos verdes, esmeraldas, claro.
Carolina, lhe deu um vestido, verde, com um decote nas costas acentuado.
E por fim, Renata, lhe deu um perfume. O aroma eram como se as pirâmides estivessem ali. O sândalo era imprescindível.
Ela agradeceu, e então ela e suas amigas começaram a se arrumar, pois a festa estava para começar.
Os pais de Júlia estavam no quarto se arrumando também, enquanto que o mordomo, Gustavo; se preocupava em quando iam chegar os convidados, e Bianca, a decoradora, se algo faltava, ou se tinha algo demais.
Júlia, então se arrumou, colocou seu vestido favorito, da cor azul, lembrava o mar.
Quando pegou o vestido, lembrou de quantas vezes foi a praia, e como sentia falta do mar, ela forçava a mente para se lembrar como era o aroma do oceano, ou da areia.
O vestido era longo, decotado na frente, e trançado feito um corpete atrás. Escolheu seu melhor brinco, um dourado que tinha ganho de seu avô, quando ele foi à França na sua segunda lua de mel. Seus avós completavam 50 anos juntos.
Seu cabelo estava cacheado, preso com presilhas em forma de borboleta, da cor dourada. Escolheu seu sapato dourado, que tinha visto numa loja a uns dois anos atrás, nunca usou, porque dizia que não tinha lugar para ir com aquele sapato [desculpa esfarrapada].
Júlia usou o perfume que Renata lhe deu, o aroma de sândalo rescendeu pelo quarto, suas amigas elogiaram o perfume.
Enquanto isso, no salão, na parte de fora da casa, os convidados começaram a chegar, Gustavo sempre preocupadíssimo, para que nada pudesse dar errado.
Os pais de Júlia, estavam terminando de se arrumar, quando Tiana apareceu.
Tiana vinha para avisar que havia um desconhecido que queria entrar na festa. O Pai desceu, e viu. Ele autorizou a entrar mesmo não sabendo quem era, mas achou que não tinha problema algum, além do que, o pai de Júlia achou aquele rosto conhecido.
Patrícia bateu na porta: - Júlia e meninas, está na hora.
Júlia deu aquela última olhada no espelho, enquanto suas amigas saiam porta afora. Ela percebeu que havia esquecido uma coisa; um colar, que ela tinha recebido pelo correio.
Pôs o colar no pescoço e pensou: - Agora sim estou pronta! - Júlia deu um último suspiro, foi em direção a porta, olhou pela janela e saiu.
Descendo as escadas, encontrou seu amigo Paulo, que lhe elogiou, ela agradeceu e continuou descendo.
A festa estava linda, as mesas brancas, decoradas parecendo conchas do mar. Os enfeites de mesa, eram estátuas de gelo de sereias. Júlia ficou maravilhada com toda aquela decoração. As comidas, todas decoradas, a mesa com motivos do mar, então começou a lembrar então de como era bom estar no mar, de como era bom a areia em seus pés, mesmo que ela imediatamente precisasse lavá-los.
De como era bom dormir com o barulho das ondas, de como era bom acordar e ver o sol iluminando as ondas brancas, de como ela adorava caminhar pelo calçadão quando estava amanhecendo ou anoitecendo.
Júlia sentia tanta falta daquilo, sentia falta de como era bom ficar sem fazer nada, de quando foi com suas amigas, e elas se aventuraram indo em praias vizinhas e pegando conhas, uma diferente da outra. De como era bom ir com seus pais, a calma que eles passavam, como era bom chamar os amigos na casa da praia(...)
Até que Tiana se aproxima de Júlia e diz: - Sua prima chegou.
Ela mal podia conter o sorriso, quando desviou o olhar de Tiana, viu Amanda vindo em sua direção, as duas correram e se abraçaram. Nossa, após 7 anos sem se ver, Júlia não queria mais nada, apenas curtir aquele dia com sua prima.
Júlia e Amanda, desde pequenas foram criadas juntas, inseparáveis, se é que elas entendem o significado dessa palavra. Júlia queria contar tantas coisas para Amanda e vice e versa, que nesse momento pouco se importava com a festa. Mas Amanda foi prudente e disse: - Júlia, calma, nós temos o dia todo e temos o resto do ano, porque eu vim pra ficar! Hoje é o seu dia, curta muito, porque eu estou feliz, porque você está feliz.
Ela segurou as lágrimas, acenou com a cabeça e levou Amanda para conhecer suas amigas.
A música tocava, as pessoas dançavam, Júlia estava feliz, mas sentia que algo estava faltando.
Após horas, chegamos a hora do Parabéns.
Júlia não gostava que cantassem [más lembranças, mas isso fica para outro capítulo rs.], mas por insistência quase que uma chantagem de seus avós, ela cedeu.
Seu vestido era da cor azul, mas em compensação, foi ficando corada, devido a vergonha que surgia em seu rosto.
Enquanto cantavam parabéns, Júlia, olhou em volta e viu quantas pessoas tinham no salão, começou a reparar em como a decoração estava linda, em quantas pessoas haviam, e quem era cada uma. Percebeu então que sua professora de Biologia estava lá, sua vizinha; uma senhora muito boa que sempre lhe dava flores, mais especificamente, amor perfeito. Dizem que é a planta das fadas.
Viu também que seu amigo de infância estava lá [chorando, é claro rs]. Viu quantas pessoas estavam lá, e não conseguia conter a emoção.
Quando se virou viu os olhos de sua mãe, lacrimejando, já que a filha estava se tornando uma mulher, e que estava tão linda. Olhou para sua prima que não conseguia conter o sorriso em seu rosto, e viu também sua tia, mãe de Amanda, sempre presente em sua vida.
Quando o Parabéns acabou, o que Júlia estava dando graças a Deus, Paulo, seu amigo a uns 4 anos, pediu que fizesse um discurso.
Ela mal falava em público direito, e Paulo pedia um discurso? O que ele tinha em mente? Que ela gaguejasse?
Júlia ficou mais corada, mas com seus pais e familiares ao lado, ela esperava conseguir.
Então ela começou o discurso, falando baixo, mal sabia o que dizer; começou agradecendo a Deus, familiares e as pessoas por terem vindo em sua festa.
Enquanto ela falava, lá no fundo do salão, onde os olhos não podiam chegar, alguém se levantou. Júlia cerrou os olhos e tentou ver quem era, mas impossível e conforme falava, a pessoa começou a andar pelo salão, em direção onde Júlia estava.
Conforme chegava mais perto, as pessoas do salão começaram a perceber e pararam de prestar atenção no discurso, estava cada vez mais perto.
A uma certa distância, ela reconheceu... nenhum nome foi citado, ela apenas sorriu.
Todos no salão silenciaram-se, porque queriam saber ou ouvir quem era aquele.
Era Mat.
Júlia não acreditava no que via, tinha medo de tocar ou falar e ver que tudo aquilo não passava de um sonho ou uma mera ilusão.
Mat a olhou, sorriu, lhe estendeu a mão e disse: - Parabéns Júlia.
Ela parou. Não havia reação. Apenas ficou um pouco mais corada que o normal.
Sua prima coçou a garganta, tentando ver se Júlia tinha alguma reação.
Ela piscou os olhos e viu, era ele mesmo, em carne e osso.
Seus olhos se enxeram de lágrimas e uma desceu seu rosto, Mat rapidamente e gentilmente, secou sua lágrima e lhe deu um beijo no rosto.
O silêncio no salão era notável.
Foi a primeira vez que os dois se viram.
Ele tímido
Ela confiante
Ela amante
Ele amando.
[...]