Você sempre foi como um girassol.
Gostava das coisas de cores fortes, gostava do sol, gostava de flores, falava alto, ria alto.
O girassol, ele procura outro girassol e sempre fica virado na direção do sol para sobreviver.
Nós éramos o seu sol.
Nós te dávamos vigor, alegrias, nós te levávamos para ver as coisas boas da vida.
Mas tinha a escuridão e a sombra. A escuridão era fria e calculista.
A escuridão te envolvia.
A escuridão ia te matando pouco a pouco.
A sombra abria espaço para a escuridão.
A sombra era suave, a princípio chegava de leve, mas tinha o mesmo efeito da escuridão.
Você começou a gostar da sombra e esqueceu que você só sobrevive quanto está perto do sol.
Você começou a murchar.
Chegamos perto e tentamos te dar a luz do sol.
Mas você virou as costas e chamou a sombra e a escuridão.
E a sombra e a escuridão tomaram tanto espaço que o sol não conseguia mais chegar até você.
Te vimos pela última vez.
Quando o jardineiro veio, te encontrou quase morta.
O jardineiro nos correu avisar.
Saímos desesperados.
Procuramos você por todo o jardim.
Te vimos deitada, murcha, sem vida, sem cor.
Por que girassol?
Por que você escolheu a sombra e a escuridão?
Te avisamos, mas você não nos ouviu.
E agora? O seu jardim ficou sujo, sem as margaridas em volta, com matagal...
E a sombra e a escuridão?
Sumiram.
Agora, o sol incessantemente busca fazer você voltar a vida.